Com permisso ou sem permisso,
Por milonga apeio e canto,
Renasci de um campo santo
Aluimbrado por fogones...
E de gauchos simarrones
Tambem trago a rebeldia
Na sincera melodia
Devo ser um guarani
Que canta e que sente em si
Alma, campo e nostalgia...
Se a verdade galopeia
Noite a dentro, alma afora,
Feito Umbu que hoje escora
A linguagem dos fogones,
Solo gauchos simarrones
Que hermanaram rebeldia
Na sincera melodia
Que teimo em cantar aqui
É porque gaucho nasci,
Alma, campo e nostalgia...
Choro o triste do meu povo
Massacrado tempo adentro,
E busco a força dos ventos
Fechando os olhos pra o mundo.
Meu verso pampa fecundo
Tambem vem do campo santo,
E fez um dia meu pranto
Renascer cá na cidade,
Onde um cantor de verdade
Parou pra ouvir o meu canto.
Era o sabiá andarilho
Do céu de todos os meus,
Do ceu pintado por Deus
Para o olhar de quem sente.
Sabiá de canto dolente
Pousou pra ouvir o que tenho,
E sentiu porque mantenho
As precisoes de cantar.
Não me pessam pra parar
Quem não sabe de onde venho.
Há na verdade do homem
O olhar de quem o criou,
E pra quem nunca escutou
A singeleza dos ventos
Nenhum sabia céu adentro
Deve entender, yo lo creo.
Bueno, componho os arreio,
Por milonga me despesso
E quem não sabe o que peço
Vá descobrir de onde venho.